Histórias – Gráfica Kaygangue

Dono de gráfica aos 17 anos de idade, Orlei Roncaglio comanda os 40 anos de sucesso da Kaygangue

Pense aí o que você estava fazendo quando tinha 17 anos: para quem é nascido ou nascida nos anos 40, 50, 60 e 70, não era incomum aos 17 anos dividir o tempo entre estudar e já trabalhar em algum negócio da família ou fazendo uns bicos aqui e ali para conseguir um dinheirinho. Agora, mesmo nessas décadas, pouco se via um adolescente comprando uma empresa com o próprio dinheiro. O adolescente em questão era Orlei Roncaglio, diretor da Gráfica e Editora Kaygangue, de Palmas, que acaba de completar 40 anos de atividades como uma gráfica em pleno crescimento.

A empresa comprada por Orlei, em maio de 1981, era uma pequena tipografia desativada na cidade de Salto do Lontra-PR, que imediatamente após a compra, foi transportada e montada em Mangueirinha-PR. E, se causa surpresa saber que um menino de 17 anos se tornou empresário gráfico, surpreende mais ainda saber que ele já tinha sete anos de experiência no setor. Isso mesmo, aos dez ele já lidava com tipografia em Chopinzinho-PR, sua cidade natal. “Nessa época criança podia trabalhar. Me apaixonei pela profissão, e estou até hoje. Eu fazia de tudo na tipografia. Houve um período em que ficava o dia na empresa, ia para a escola a noite e depois ainda voltava ao trabalho para adiantar tarefas do dia seguinte. E eu gostava muito daquilo”.

Mas é provável que você esteja pensando: “ah, na verdade os pais devem ter comprado a gráfica para ele”. E aí surge outro fato impressionante. O dinheiro para empreender veio da venda de um Fiat 147 que Roncaglio já tinha comprado com o salário que juntou nos anos em que foi funcionário na gráfica Chopim, em Chopinzinho. “Eu também já dirigia quando era adolescente e tinha esse Fiat 147, que era o meu segundo carro, pois tive antes um Chevette. Dei o 147 como minha parte para comprar a gráfica em sociedade com o Sr. Valério Milesi Dalmutt, que ficou uns três anos no negócio. Depois acabei adquirindo a parte dele”.

Nos primeiros anos, a gráfica funcionava em um espaço de 25 metros quadrados, o qual Orlei também usava para dormir(a noite arredava a escrivania para baixar a cama que estava escorada na parede, pela manhã invertia o processo), já que a casa de seus familiares ficava em Chopinzinho. Em 86, ele construiu uma sala com 60 metros quadrados para instalar a Gráfica. Em 90 constriu um prédinho com apartamento em cima, onde morava, e duas salas embaixo, uma para a gráfica, que ocupava 130 metros quadrados, e outra em que funcionava a papelaria.

A essa altura, a veia empreendedora de Roncaglio já pulsava a ponto de fazê-lo avaliar que Mangueirinha não daria conta dos planos de crescimento que traçava para a gráfica. “Como a cidade era pequena, não daria para expandir os trabalhos, por isso comecei a prospectar clientes em Palmas, que contava com mais que o dobro de habitantes. Nessa época, eu já possuía uma offset e conseguia me destacar porque na cidade vizinha só havia tipografia. Em pouco tempo, 65% do meu faturamento já vinham de Palmas e aí se tornou inevitável a mudança da gráfica para lá, o que aconteceu em 94”.

Nessa mudança para Palmas, Roncaglio levou todos os funcionários, na época sete famílias, pois sempre tratou os funcionários como uma família e todos quiseram acompanhar a empresa.

Mudança de rumo

O crescimento da empresa se deu com a aposta em máquinas para impressão de formulários contínuos para produção de nota fiscal, atendendo clientes do  Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e outros estados. Com as vendas em alta, em 2001 a Kaygangue ganhava uma sede própria de 3 mil metros quadrados, onde está até os dias de hoje. Tudo ía muito bem até 2010, quando surgiu a nota fiscal eletrônica, que aniquilou o mercado de notas em formulários contínuos.  Motivo para Orlei desistir de tudo? Que nada. “Tivemos que nos reinventar e decidimos atuar com os segmentos comercial e promocional. Investimos em máquinas de pequeno porte, compradas à vista, e em algumas maiores, financiadas em cinco anos diretamente com os fabricantes internacionais.

A guinada no ramo de atuação deu certo, mas não seria a última. Em 2018, contrariando as tendências de mercado, que apontavam para o declínio do segmento editorial, Orlei passou a investir forte justamente nisso, mantendo ainda o promocional e deixando de lado o comercial. “Ouvíamos todos dizerem que o digital iria tomar o lugar do editorial, mas calculamos todos os riscos e decidimos apostar. Algumas editoras grandes estavam fechando e vislumbramos que haveria mercado para ser atendido em livros, apostilados e revistas em pequenas e médias tiragens. Fizemos investimentos planejados em maquinários, usamos nossa tradição de força de vendas comercial externa e interna e acertamos na veia. Com a pandemia do coronavírus, as pessoas passaram a ficar ainda mais em casa e a lerem mais livro físico, que, segundo pesquisas, teve mais vendas do que os digitais desde o início da pandemia. Isso, lógico, nos favoreceu e acabou impulsionando ainda mais o crescimento da Kaygangue. A decisão de entrar no editorial foi tomada em conjunto por todas as áreas da empresa, com um grande empurrão do meu filho Vinícius Roncaglio, que cuida da área comercial e que se criou praticamente dentro da empresa”.

E Orlei fala com orgulho do filho: “Vinícus fez curso no Senai Theobaldo de Nigris, em São Paulo, onde passou por diversos setores produtivos para aperfeiçoar o que já havia aprendido na empresa e adquirir novos conhecimentos. Hoje como sócio da empresa, nos ajuda nas tomadas de decisões. Sou muito grato e tenho muito orgulho dele”.

Segundo Orlei, o editorial vem contribuindo muito para a empresa superar rapidamente as perdas com a pandemia. Se entre março e junho de 2020 houve queda de mais de 50% no faturamento, a partir de agosto as contas já se equilibraram e a Kaygangue até fechou o ano com aumento nas vendas e no faturamento. “Recuperamos tudo e até melhorou. Todos os meses temos batido as metas. Aproveito para destacar também a força do time comercial e de representantes nos três estados da Região Sul.  Essa rede de vendedores responde por 50% do faturamento total hoje. Claro que tudo isso porque sempre investimos em qualidade e em ótimo atendimento”.

Orlei planeja continuar firme com o editorial, mas já estuda a próxima mudança de rota no mercado. “Estamos investindo em máquinas para acabamento de livros e revistas e vislumbramos que esse segmento ainda vai bem por uns dez anos. Mas já estamos de olho no digital e também em flexografia. Nosso próximo movimento poderá ser nessas áreas”.

Aposentadoria adiada

Força e coragem para novas mudanças não faltam à Orlei. Hoje com 58 anos, já era para ele ter parado e dedicar mais tempo a ele mesmo e à família. O plano era ter diminuído o ritmo de 14 horas de trabalho diário e passado o controle da empresa aos filhos quando chegou aos 50 anos. No entanto, adiou a aposentadoria porque foi justamente nesta época que precisou liderar a transição dos formulários contínuos para os segmentos promocional e comercial.

Mas você pensa que Orlei ficou chateado por não ter conseguido parar ainda? Que nada. “Na verdade eu ainda sinto o mesmo tesão pelo trabalho que tinha aos 17 anos, como comecei no ramo gráfico. Hoje tenho dividido muito a responsabilidade com o filho Vinicius e tentado evitar de ir à empresa no sábado e no domingo, mas no dia a dia da semana no mínimo 12 horas de trabalho são sagradas”.

Nas horas em que não está na Kaygangue, Orlei ainda dedica um tempo às atividades associativistas, como reuniões no Sigep/Abigraf-PR, FIEP, Sicredi e em outras entidades. Nos fins de semana e em datas especiais, ele se permite deixar a preocupação profissional de lado para se dedicar ao que ele chama de terapia, que é cozinhar. O prato preferido é tainha recheada com a ova dela mesma. Se fica bom? Orlei responde. “Os familiares e amigos elogiam e pedem para fazer novamente. É um prato que rompeu as fronteiras de Palmas, já preparei o prato em vários locais, mas sempre pra amigos e conhecidos.

O diretor da Kaygangue diz que não foi porque ele gosta de cozinhar, mas o tema culinária pautou a comemoração dos 40 anos da empresa. “Geralmente fazemos uma grande festa em 1 de maio, com funcionários e familiares. Este ano, por conta da pandemia e para não deixar de comemorar os 40 anos, essa festa foi online. Os funcionários receberam um kit com a receita e os ingredientes para se fazer um risoto de palmito, além de uma garrafa de vinho. Aí marcamos uma live, com apresentação de um vídeo sobre a empresa, e todos puderam mostrar os pratos que tinham feito, cada um do seu jeito, sem regras. Também foram postando nas redes sociais e no grupo de todos os funcionários e diretoria da Kaygangue. Foi uma maneira criativa de envolvermos e agradecermos a todos os colaboradores, que formam essa grande família Kaygangue, e de não deixarmos passar em branco os 40 anos da empresa”.

Kaygangue

46 3263 8777

www.kaygangue.com.br

Histórias – Gráfica Planeta

Com yoga, Cristiane Blum Montes supera luto e inexperiência para manter forte a quase centenária Gráfica Planeta

Quem conversa com Cristiane Blum Montes, diretora da Gráfica Planeta, de Ponta Grossa, enxerga uma gestão serena e equilibrada. Com fala mansa, ela demonstra foco em fazer a empresa se manter viva, apesar de todas as dificuldades destes tempos de pandemia. Até aí nada demais em se tratando de alguém que dirige uma empresa que tem quase 100 anos de história e que já passou por inúmeros períodos de crises econômicas no Brasil. O que espanta é que oito meses atrás Cristiane não sabia nada do ramo gráfico e nem passava por sua cabeça dirigir um empreendimento do porte da Gráfica Planeta. No entanto, Cristiane não teve escolha. Seu marido, Josué Montes, que comandava a gráfica, faleceu de covid-19 em agosto de 2020 e ela se viu obrigada a arregaçar as mangas para manter forte o negócio da família.

E não houve nem tempo para luto ou adaptação. “Um dia depois do meu marido falecer eu estava lá na Planeta tomando conhecimento de tudo. Não tinha opção, pois não havia mais ninguém da família para assumir. Tive que aprender cada detalhe, ir atrás de fornecedor, conversar com funcionários. Trabalhei na produção, no acabamento e fui aos poucos entendendo como funcionava. A cada dia aprendo mais. Claro que contei e ainda conto com a importantíssima ajuda dos meus funcionários, que são como uma família. Alguns estão na gráfica há mais de 50 anos. Esse apoio deles facilitou o meu aprendizado”.

Embora nunca tivesse atuado diretamente no setor gráfico, Cristiane tinha contato com este mundo desde 1993, quando se casou com Josué. O falecido marido já trabalhava na Planeta, acompanhando o pai Davi Montes, que ainda hoje é conselheiro do negócio. Davi havia herdado a empresa do pai João Montes Filho, que fundou a Planeta em 1923 com os amigos Marcos Pereira e José Marcos do Nascimento. Os dois sócios aos poucos foram saindo. “O Josué aprendeu tudo de gráfica na prática. Entrou aos 14 anos limpando depósito e foi passando por todos os setores. No dia a dia sempre conversávamos sobre as coisas da empresa, mas o meu contato com o ramo gráfico ficava nisso. Até porque eu já era dona de uma loja de artesanato, que fica anexa à própria gráfica. Atualmente me divido em administrar a Planeta e a loja”.

Nessa empreitada, Cristiane levou o filho João Blum Montes, estudante de Psicologia, para ajudá-la na administração. Os planos, porém, são que ele contribua mais alguns anos apenas, seguindo a sua carreira de psicólogo depois que se formar.

Foco nas embalagens

À frente da gráfica, Cristiane vai aprendendo as artimanhas do setor, tanto que já tem mantido posição a respeito do nicho ao qual pretende dar mais atenção. “O nosso carro-chefe sempre foram os manuais técnicos para empresas, mas estamos nos tornando fortes também em embalagem por conta da demanda, que tem sido muito boa para várias partes do Brasil. No momento, não pensamos em investimentos, mas se eles acontecerem serão em equipamentos para embalagens de papel, que são o futuro do setor, até porque a sacola plástica tende a acabar”, explica Cristiane, que já projeta um leve crescimento na produção em 2021 em relação a 2020.

Apesar dos planos de investimento, o horizonte da Planeta nas mãos de Cristiane não é tão longe. A intenção dela é vender a gráfica daqui uns dez anos, quando o filho mais novo, hoje adolescente, estiver encaminhado. “Já até recebi propostas, mas não eram vantajosas. Por enquanto vamos levando, mas pode ser que venda no futuro. Quero encaminhar os filhos e ir morar na praia”.

E você pode estar se perguntando de onde vem tanta tranquilidade assim para superar a perda do marido e ao mesmo tempo assumir a responsabilidade de comandar uma empresa quase centenária. Cristiane explica: “Busco levar uma vida equilibrada por meio da yoga e do contato com as plantas. Isso me deixa centrada e reflete em tudo o que faço. Ajuda na conversa com os funcionários, nas negociações e na administração dos negócios. Consigo ter disciplina para superar esses tempos bem turbulentos sem me estressar tanto”.

Histórias – Vitória Gráfica

Perto dos 85 anos e longe de se aposentar, senhor Cristovam Linero conduz a vida e a Vitória Gráfica com foco e dedicação


Histórias de Nossas Gráficas: Vitória Gráfica

O que você imagina estar fazendo quando chegar aos 85 anos de idade? Ter tempo livre para aproveitar a aposentadoria? Passar horas perto da família? Fazer aquelas atividades que sempre adiou por causa da correria no trabalho? Se são esses os seus planos, é melhor não pedir conselhos para o diretor da Vitória Gráfica, Cristovam Linero. Perto de completar 85 anos de idade, em 12 de março, o senhor Cristovam é um daqueles apaixonados pelo o que fazem e que estão longe de cogitarem parar de trabalhar.

E trabalhar, para ele, não é apenas dar aquela passadinha na gráfica para fazer de conta que tem uma ocupação. O senhor Cristovam dá expediente todos os dias das 6h45 às 18h30, inclusive em alguns finais de semana. Com a experiência acumulada em mais de 70 anos no setor gráfico, ele faz o gerenciamento estratégico do negócio e, quando precisa, até opera as máquinas. “A família pede para eu parar, mas aí eu vou ficar chato, pois gosto muito do que eu faço”.

E essa paixão não é de hoje. O senhor Cristovam se encantou pelo mundo da impressão por influência do pai, Afonso Linero, que abriu a Gráfica Linero em 1951, em Curitiba. Em 1953, a gráfica foi vendida, mas nesse mesmo ano os irmãos Linero (Pedro, Cristovam, Artur, e Hilário) compraram a empresa de volta.

O negócio foi tocado pelos quatro até 1960, quando Cristovam, Artur e Hilário compraram a Gráfica Vitória, que já funcionava em Curitiba, e Pedro continuou com a Gráfica Linero. Em 1990, os três donos da Gráfica Vitória dividiram o negócio, sendo que o senhor Cristovam ficou com uma parte, passando a chamar Vitória Gráfica, nome atual.  “Desde 90 passei a tocar a Vitória Gráfica junto com os meus filhos Josemar, Jeferson e Joseli, que faleceu em agosto de 2017”.

Ele conta com orgulho de como deu os primeiros passos no ramo gráfico. “Quando meu pai comprou a gráfica, larguei os estudos para ajudar. Tinha entre 14 e 15 anos e já trabalhava 12 horas por dia, aprendendo o oficio de impressor. Meu pai era ótimo profissional e me ensinava impressão tipográfica. Ele era rígido, pedia muita dedicação e não aceitava quando a gente errava. Por isso, eu prestava muita atenção e isso ajudou muito no aprendizado”.

Foi nessa época também que tomou gosto por algo que defende muito nos dias de hoje: a leitura. Como não havia televisão, as informações chegavam por meio do rádio e da leitura de livros. “Eu lia muitos livros técnicos e isso ampliava o aprendizado. Acho importante a leitura em material impresso e falta esse incentivo hoje, principalmente nos jovens”.

Muito trabalho

Quando os irmãos Linero compraram a gráfica, se revezavam na operação da empresa 24 horas por dia para dar conta da grande demanda de serviços. Não havia funcionários e nem equipamentos automatizados. A produção, manual, era voltada para serviços administrativos, como notas fiscais, fichários, entre outros.

Em 1960, quando o senhor Cristovam, Arthur e Hilário passaram a tocar a Gráfica Vitória, eles contavam com quatro funcionários e com poucos equipamentos. A primeira Heidelberg de Leque, tipográfica, foi comprada em 1966. Em 1970 a empresa já tinha cinco máquinas automáticas, produzindo panfletos, formulários e notas fiscais, tudo em preto e branco. Nesse ano, o quinto irmão, Luiz Fernando, passou a colaborar na Gráfica Vitória, em que ficou por oito anos. Depois, passou no concurso de auditores da Receita Federal. Sempre foi e continua sendo o conselheiro tributário dos irmãos Linero.

Em 1980, a empresa comprou a primeira offset, o que contribuiu para ampliar a produção de promocional e de embalagem. A primeira bicolor foi adquirida em 1995”.

Ao longo dos seus mais de 30 anos, a Vitória Gráfica sempre se manteve firme e com o foco em prestar serviços de qualidade, estando próxima do seu cliente. O forte hoje é o trabalho nos segmentos editorial, com livros e revistas, principalmente para o setor educacional. O senhor Cristovam conta que a empresa sempre se manteve sólida e com os pés no chão, sem dar um passo maior do que a perna. Por este motivo, por exemplo, prefere não fazer grandes investimentos no mercado digital. O atendimento a clientes desta área é feito em parceria com outras empresas.

Trabalho de educação do mercado

Em toda a sua trajetória de empresário no setor gráfico, o senhor Cristovam Linero se preocupou em contribuir para melhorar a performance das empresas, sobretudo das pequenas. O fato da Vitória Gráfica estar ativa em um segmento em que tem sido comum o fechamento das gráficas é fruto de uma inquietação que o senhor Cristovam já apresentava no início dos anos 70 em relação aos preços dos serviços praticados pelo setor.

Ele já era membro da diretoria do Sigep/Abigraf-PR quando começou a “pregar” a ideia de que o empresário tinha que conhecer seus custos para poder formar o preço de venda dos serviços. “Lembro que íamos ao interior do Paraná fazer palestras para os empresários e víamos muita simplicidade, com falta de conhecimento básico de gestão e de custos. Por isso, criamos uma tabela de preços para valorizar o serviço deles. Ainda assim, alguns diziam que não poderiam cobrar o valor que daria lucro porque os clientes não teriam condição de pagar. Ou seja, às vezes trabalhavam tendo prejuízo ou muito pouco lucro. Mas o pior é perceber que até hoje tem muito dono de gráfica que faz orçamento para o cliente sem saber ao certo seus custos”.

O senhor Cristovam alertava para a questão dos custos porque via muita discrepância no mercado, com concorrentes vendendo um impresso praticamente pela metade do que teria custado. E ele via este problema porque tinha aprendido a fazer os cálculos dos custos para a Vitória Gráfica. Como sempre foi interessado em aprender, já havia estudado por conta própria sobre formação de preço. Depois, melhorou os conhecimentos no Encontro dos Industriais Gráficos do Estado do Paraná, em 1972, com um professor do Senai/SP. “Ele deu uma apostila, que fui adaptando em relação ao que mais funcionava para o pequeno empresário. A gráfica era um negócio rentável, com média de uns 20% de lucro por produto. Hoje essa margem não chega a 10%. Por isso, mesmo na época de bons serviços muita empresa quebrou porque não sabia calcular os seus custos adequadamente. Por outro lado, saber disso fez muitas gráficas conseguirem se manter até hoje no mercado”.

Dirigente combativo

Essa consciência de ajudar sempre acompanhou o senhor Cristovam em suas atividades como membro do Sigep/Abigraf-PR. Ele conta que entrou para as entidades “meio que por acaso”. “Fui coagido, no bom sentido, a entrar no sindicato, porque um membro que iria compor a diretoria em que o Jorge Aloysio Weber seria o presidente, em 1971, foi vetado. Como eu era amigo do Raul Bley Maia, advogado do sindicato na época, ele pediu os meus documentos e me incluiu na chapa. Eu não queria, porque era pequeno empresário e sem tempo, mas acabei entrando. Aí, como estava na diretoria, fui muito ativo, e acabei me tornando presidente nas gestões de 1977/1980 e 1980/1983”.

Desde que entrou nas entidades, o senhor Cristovam sempre teve o foco em apoiar os pequenos empresários. Além de incentivar a gestão de custos nas empresas, enquanto presidente ele conseguiu reduzir o IPI de 15% para 0%, e o ISS, de 18% para 5%.

Mesmo depois dos seus dois mandatos, o senhor Cristovam se manteve ativo nas entidades, muitas vezes pontuando suas preocupações. Sempre deixou claro, por exemplo, que não concorda com as políticas de negociação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), que, ao seu ver, favorecem as gráficas maiores. Também é combativo no formato do Prêmio de Excelência Gráfica Oscar Schrappe Sobrinho, o qual, diz, precisa ser mais aberto ao mercado e aos consumidores em geral para que todos percebam a importância dos materiais impressos no desenvolvimento intelectual e econômico. “Também defendo que as nossas entidades precisam forçar mais junto aos governos o incentivo à leitura de livros e a utilização de cadernos para desenvolver melhor o raciocínio das crianças”.

Por conta de divergência de pensamentos, preferiu ficar afastado das entidades entre 2013 e 2019, voltando na gestão de Edson Benvenho, em que ocupa o cargo de suplente. Voltou, diz, porque ainda quer contribuir com o setor. “Sou persistente e confiante. Aqui na gráfica, por exemplo, conseguimos passar por todas as dificuldades que a pandemia trouxe sem precisar demitir ninguém. Sempre vejo que, com empenho, conseguimos superar as dificuldades e por isso também quero continuar dando a minha visão e contribuição para o Sigep/Abigraf-PR. Mesmo com todas as decepções que tive no setor gráfico, vou continuar firme, pois isso faz toda a diferença.”

Esse é o Cristovam Linero, um senhor bom de papo, cordial e justo com seus propósitos de vida.

Ah ....e que nunca na vida tirou férias de 30 dias. “Os 15 dias de férias coletivas no fim do ano já estão bons demais”, brinca.

Histórias – Kamaro

Um longo caminho percorrido é uma construção diária de histórias. E a nossa foi construída através de muitas histórias. Todos os nossos parceiros construíram sua trajetória e agora, nós temos o prazer de trazer a vocês um pouco dessa jornada.


Histórias de Nossas Gráficas: Kamaro Indústria Gráfica

O Sigep/Abigraf-PR vão contar um pouco da história das gráficas associadas, com nossa visão de como essas empresas vêm superando os desafios do setor e evoluindo ano após ano. Começamos com a Kamaro Indústria Gráfica, dirigida pelos empresários Lucio Marin e Tarcizio Antonio Marin, que também faz parte da nossa diretoria. A Kamaro está localizada em Pato Branco, de onde tem estrutura e competência para atender todo o território brasileiro com frota própria. São mais de 40 anos de tradição em soluções para embalagem.

A empresa possui capacidade de conversão de aproximadamente 1.200 toneladas/mês entre cartões duplex e tríplex. Possui uma linha de produtos diversificada para atender a demanda na área de alimentos, congelados e pratos prontos, microondulados, frigorificados, visores, farmacêutica, além de embalagens diversas.

Os produtos seguem as rigorosas normas de segurança e qualidade e evidenciam o compromisso da Kamaro com a preservação do meio ambiente. A empresa possui certificações internacionais, como a "FSC®", que confirma o compromisso em transformar papel cartão vindo de fontes de reflorestamento, e a “Printed With Soy Ink”, que determina que todas as tintas sejam provenientes de recursos vegetais, além do BPF (Boas Práticas de Fabricação), emitido pela Anvisa.

Destaque também para os diversos acabamentos e serviços especializados para que as embalagens dos clientes sobressaiam nas gôndolas. E nada melhor para uma embalagem ser atrativa do que o uso correto das cores. Por isso, a Kamaro investe pesado em maquinários de última geração, com calibração de tinta comandada por computadores, para que as cores sejam impressas exatamente como deve ser.

Novos investimentos

A filosofia da empresa é o que está bom pode e sempre deve melhorar. Por isso, a Kamaro está anunciando a aquisição de duas impressoras da consagrada plataforma Rapida. Uma delas é a Nova Rapida 76-6+L Híbrida, considerada a primeira impressora da América Latina com essa versão. Ela trabalha com velocidade de produção de até 18 mil folhas por hora. Trata-se de um equipamento versátil, com tecnologia de câmera que lê todas as folhas e desacoplamento automático das rolarias. Na visão do executivo de vendas da Koenig & Bauer, Douglas Guedes, esta máquina realmente fará a diferença para a Kamaro atender os seus clientes.

A outra máquina é a Rapida 105-6+L Híbrida, que chega para aumentar a flexibilidade e agilizar a produção. Os equipamentos imprimem diferentes substratos como papel, papelcartão, filme e microondulado.

Os investimentos colocam a Kamaro em um novo patamar no ponto de vista tecnológico, pois trazem ainda mais capacidade de atender as necessidades da diversificada e exigente carteira de clientes da empresa. Ao mesmo tempo, deixam a gráfica segura para antecipar tendências e conquistar novos negócios.

Diante dos desafios cada vez maiores do mercado, a Kamaro sabe que entender o que o cliente precisa imprimir é o primeiro passo para alinhar os investimentos nos equipamentos adequados, como a empresa acabou de fazer.

KAMARO